INVESTIMENTO

Sérgio Silva, Embaixador do pilar Investimento

Sérgio Silva assumiu a liderança do Vigent Group em 2010. Em 12 anos, um pequeno grupo familiar passou de uma faturação de €45 milhões para €450 milhões, de 150 para 2500 colaboradores e de uma presença em dois mercados — Portugal e Espanha — para operações em 15 países. O grupo, sedeado na Trofa, é uma referência europeia nos postes de iluminação pública. Mas produz, ainda, torres de transporte de energia e torres de telecomunicações. Outras áreas de negócio incluem guardas de proteção das autoestradas, estruturas metálicas para parques solares e, ainda, o sector alimentar de produtos do mar congelados e a transformação e comercialização de bacalhau. 85% da produção  do Vigent Group é exportada para 45 países.

Quase todas as histórias de sucesso das empresas exportadoras começam com uma decisão acertada sobre um investimento: numa máquina, em tecnologia, numa equipa, num novo processo. 

Sem investimento nenhuma empresa consegue singrar. Sem investimento, as empresas não conseguem ganhar dimensão e escala. Sem capacidade de investir não é possível atrair os melhores profissionais e inovar.


Segundo dados da AMECO, o peso do investimento português no PIB é inferior ao peso médio da União Europeia - 20,3% vs 22,7%. 

Sem investimento não há crescimento.


Portugal tem um problema de escala, mas para crescer as empresas precisam de investir. Só assim têm condições para se internacionalizar e exportar para outros mercados.
Foram, essencialmente, três os obstáculos mais citados pelos empresários quando deparados com a pergunta: “Porque é difícil investir?”
  • A dificuldade de acesso ao crédito e a fundos privados para financiar os projetos de investimento é transversal a quase todas as empresas; 
  • O custo de financiamento do investimento ainda é um obstáculo relevante;
  • Os longos prazos de resposta aos projetos retiram atratividade e utilidade aos apoios públicos ao investimento;
  • As limitações fiscais, seja na elevada tributação dos salários, seja na dupla tributação em alguns mercados, dificultam a entrada de empresas portuguesas;
  • A instabilidade legislativa e tributária, ao aumentar a falta de previsibilidade para o planeamento dos investimentos, aumenta o risco e é um forte desincentivo ao investimento;
  • A dificuldade em reter e contatar profissionais altamente qualificados, sobretudo nas áreas da engenharia, afeta a rentabilidade dos investimentos e pode desincentivar decisões de investimento.
 
  • Descer os impostos sobre os rendimentos de trabalho, como forma de reter talento, condição essencial em muitas decisões de investimento.
  • Rever a tributação dos prémios e produtividade e horas extraordinárias viria resolver alguns problemas do quotidiano das empresas.
  • Rever acordos para evitar dupla tributação (para alguns dos mercados, as empresas portuguesas têm vantagem em exportar a partir de outros países como, por exemplo, Espanha).
  • Reduzir a taxa de IRC permitindo libertar fundos para o investimento.
  • Criar linhas de financiamento protocoladas (com garantia do BPF ou outras instituições).
  • Canalizar os fundos do “PT 2030” essencialmente para as empresas. 
  • Simplificar os procedimentos administrativos para a realização ou a aprovação dos investimentos facilitando a sua concretização.
  • Ampliar os programas de apoio à internacionalização que não discriminem as empresas em função da sua dimensão no mercado doméstico (é mais fácil fazer crescer as exportações de quem já tem um bom ritmo do que induzir fatores de sucesso em quem não tem experiência). 
  • A Reforma do Estado deve ser feita tendo em vista:
    • a desburocratização
    • a descentralização
    • a regionalização
  • A Reforma da Justiça é uma das mais necessárias.
  • É necessária maior estabilidade legislativa.
  • Apostar no ensino vocacional e aprendizagem técnica adequados às necessidades das empresas para responder à falta de disponibilidade de mão-de-obra com adequadas qualificações, que põem em causa algumas decisões de investimento.
  • Dotar os aeroportos e portos de equipamentos de suporte compatíveis com as necessidades (por exemplo, o aeroporto do Porto não tem RX com mais de 1m, o que implica desembalar, desmontar, remontar e embalar o equipamento que tenha maiores dimensões. A solução tem sido a de usar a saída por Madrid, Paris ou Amesterdão).
  • Criar um organismo público eficiente, rápido e de fácil acesso, que apoie e oriente as empresas exportadoras nos processos de internacionalização.
 
  • Reduzir ao máximo os prazos de entrega de encomendas. 
  • É crucial cumprir os prazos de entrega. 
  • Canalizar o investimento para áreas com grande impacto: I&D, controlo de canais de distribuição. 
  • Investir mais em marca e em marketing. 
  • Investir na criação ou aquisição de subsidiárias nos mercados internacionais pode ser uma boa estratégia. 
  • Partilhar conhecimento entre empresas sobre mercados exportadores.  
  • Ganhar escala.